A garotinha em mim

Sempre fui uma criança criativa. Saía pela casa com minha arminha de brinquedo e caçava vilões ao fingir que era uma agente secreta.

Mas foi aos sete anos que comecei a colocar minha criatividade no papel. Minha primeira história foi, na verdade, um roteiro de teatro. Hoje vejo que ele era péssimo, com erros de grafia e personagens roubados de filmes que eu tinha visto. Mas não importava. Eu estava orgulhosa do que tinha feito.

Desde então, nunca parei de escrever. Sempre com milhões de histórias na cabeça. Imaginando mundos novos e personagens.

Talvez meu vício em filmes, séries e livros tenha começado nessa época. Tudo que tinha a ver com ficção me alucinava. Sabe quando o seu olho brilha com algo que você ama? Era assim que eu via (e ainda vejo) as histórias criadas por autores e roteiristas.

Eu cresci, infelizmente, mas nunca perdi esse gosto por ficção. Pelo contrário, cada dia mais me apaixono por romances, dramas, mistérios e aventuras.

Por isso digo que aquela garotinha ainda vive em mim. A garotinha criativa que amaria trabalhar como agente secreta ou viajar a um país que ela mesma inventou.

Porém, essa garotinha não entende muito sobre o amor.

Você já conheceu alguém e depois imaginou toda a vida de vocês juntos, como se fosse uma comédia romântica?

Você já ficou feliz por algo que a pessoa nem fez, mas sua imaginação criou?

Já sorriu bobo por um momento lindo que sua mente elaborou?

Se não... parabéns, você é privilegiado. Pois a garotinha que vive em mim nunca me deixa em paz neste quesito.

Mesmo que a pessoa faça o mínimo, não tenha nada demais e mal dê bola pra mim... lá vai a garotinha me encher de esperança. Criar milhares e milhares de cenários que nunca vão ser reais.

"É ficção!"- Digo para ela. Mas você acha que a garotinha quer me ouvir? A única coisa que ela quer é amar e ser amada. Viver uma história digna de um livro, com reviravoltas e lindas declarações.

Mas eu não posso reclamar dela. Nesse mundo tão caótico e triste em que vivemos, a garotinha só quer que tudo seja colorido e alegre.

Por isso quando choro, a garotinha me mostra o lado bom das coisas. Me mostra os meus amigos e família que sempre estão ao meu lado. Me mostra o céu e as árvores. Me mostra pequenas alegrias, como andar de balanço ou cantarolar alguma música inventada por mim mesma.

Talvez um pouco de ficção não faça mal. Talvez a imaginação nos faça ver o mundo de uma forma diferente e bonita.

Todos nós já fomos crianças um dia... talvez tenhamos que deixar esses garotinhos e garotinhas, que ainda vivem em nós, nos mostrarem o lado bom da vida de vez em quando.

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