Escritora falida?

Cresci ouvindo que se virasse escritora ía ser uma falida. Que escritor não ganha dinheiro no Brasil.

Mas também cresci ouvindo que eu escrevia muito bem. Que eu PRECISAVA ser escritora.

Ué?

Enfim... eu não vou ser escritora, claro. Não porque eu ache que vou ser falida (talvez um pouco), mas porque eu acho que não sirvo muito pra isso.

Com tempo de sobra eu já não consigo terminar uma história, às vezes paro no meio (talvez até esse post eu pare no meio...), imagina com um editor me ligado, me infernizando com horário, com isso e aquilo.

"Ah, Amanda, mas é só virar escritora independente".

Independente? Última coisa que eu sou é independente!

Enfim... (sim, já usei essa palavra antes e isso só prova que eu não sirvo pra ser escritora já que repito tudo, escrevo errado, entre outros) acho que eu até poderia tentar escrever um livro inteiro se eu parasse quieta e tomasse vergonha na cara, mas acho que isso não vai acontecer.

Eu simplesmente travo quando começo uma história.

Acontece sempre do mesmo jeito:
1. Tenho uma ideia de texto revolucionário
2. Sei até a aparência e nome dos personagens (com direito a ator e atriz escolhidíssimos pros papeis da adaptação)
3. Passo pela fy do tiktok e toda vez que uma música aparece invento uma cena na minha cabeça que combina com a música
4. Começo a escrever toda feliz
5. Travo

Pra quem pulou todo o texto e foi direto pra essa listinha e achou que eram dicas... são mesmo! Dicas de como NÃO agir quando se quer ser uma escritora.

Bom, eu não quero. Já quis por um tempo. Mas não falida, porque eu queria ser médica (querer é uma palavra meio forte... meio que fui induzida, mas isso é coisa pra outro post). Então eu seria uma escritora falida, mas que ganhava dinheiro sendo médica.

Hoje em dia, como não quero mais ser médica e, também, tenho plena consciência de que seria uma escritora terrível (não por falta de talento, mas por todos os motivos supracitados), prefiro não continuar com esse desejo de escrever como minha principal carreira.

Como eu disse, talvez um dia eu escreva um livro e publique, meio que pra brincar. Porque, na verdade, querendo ou não, é um dos meus sonhos. Eu realmente quero publicar um livro ficcional. Acho que a Amandinha de oito aninhos, que tinha ideias péssimas de histórias, um word 2007 e um sonho, ficaria muito orgulhosa.

É... talvez... acho que tudo é um "talvez" na vida. E acho que os 18 anos são a fase do talvez. Talvez eu vá passar no vestibular, talvez eu vá escolher certo minha profissão, talvez eu vá me casar, talvez eu vá ter filhos, talvez talvez talvez.

Eu não acho esses "talvez" tão ruins. Não que eu goste deles, porque não gosto, eles me deixam com medo e confusa. Mas eles mostram que eu to amadurecendo. Não vejo tudo cor de rosa (infelizmente), eu já consigo pesar e ver que TALVEZ as coisas não dêem certo e tá tudo bem, porque TALVEZ tudo vá se resolver ou TALVEZ nada dê errado e eu só sou paranóica demais.

Eu talvez publique meu livro. Eu talvez vá fazer minha criança interior muito feliz. E eu talvez vá mostrar esse texto aos fãs do meu livro e dizer: Viu? Sigam seus sonhos! Eu não sou uma escritora falida!

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